Baianas Praieiras: legado da Mestra Maria Padeiro será continuado pela família

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Filha e neta dão continuidade aos grupos tradicionais e ajudam a fortalecer a cultura de Coruripe


Texto: Salmom Lucas /Fotos: Roberto Miranda e Cidcley Ferreira


É possível ser imortal? A resposta é simples e objetiva: sim, sim pela obra, sim pela arte, sim pela cultura. No dia 11 de julho, Coruripe perdeu aos 76 anos dona  Maria José dos Santos, a ilustre Mestra Maria Padeiro, um dos seus ícones culturais mais importantes do município e, desde 2006, oficializada como Patrimônio Vivo de Alagoas.

Moradora do povoado Barreiras, dona Maria fundou e liderou, desde a década de 60, o grupo Baianas Praieiras. O folguedo é formado por dançadoras que, com vestes convencionais de baianas, dançam e fazem evoluções ao som de instrumentos de percussão. O grupo é constituído por 12 integrantes, sendo 10 dançadoras e dois tocadores, sem restrição de idade.

Dona Maria começou a dançar baianas aos 20 anos, além de outros ritmos como pastoril e caboclinha. O estímulo para engajar-se às manifestações folclóricas veio de berço, com o pai Dionísio Faustino dos Santos, que dançava coco de roda e era contador de histórias em versos.

A tradição recebida pelo pai foi incorporada por dona Maria e transmitida para seus filhos e netos, que herdaram a gene do folclore e seguem os mesmos passos para manter a chama da cultura acesa no seio familiar e, consequentemente, em Coruripe.

Sua filha Betânia dos Santos, de 57 anos, ajudava na coordenação do grupo e com o falecimento da mãe, passou a assumir de vez a liderança do Baianas Praieiras e a importante posição de Mestre das Baianas. Além das Baianas, Betânia comanda ainda a quadrilha junina Os Pestinhas, que existe há 27 anos, além de ter formado o grupo de xaxado Asa Branca, criado em 2006.

“Minha mãe deixou um legado que não irá morrer com ela. Vamos continuar com o Baianas Praieiras e tenho certeza que ela estará nos acompanhando, de onde estiver. Sua energia, alegria e amor por esse grupo e a cultura de Coruripe continuarão vivos em cada um de nós. Faço questão de manter o seu legado e a cultura do meu município viva. É a nossa família dando continuidade e renovando as tradições. E isso, para mim, é motivo de muito orgulho”, afirmou Betânia.

De geração para geração, Juliana dos Anjos segue os mesmos passos do seu bisavô Dionísio, da sua avó Maria e da sua mãe Betânia. Professora de educação física da rede municipal de ensino, Juliana começou a desenvolver um projeto de dança com as crianças e montou o grupo Baianas Mirins, que conta com 12 integrantes e já se apresentou nas escolas, praças e demais eventos do município.

“Sou a quarta geração da família imersa na cultura do município e que contribui para continuar uma história que começou com meu bisavô e, provavelmente, até antes com os seus pais, avós, bisavós e assim por diante. Tenho muito orgulho do que isso representa para a nossa família e o município de Coruripe. Minha avó, Maria Padeiro, amava Coruripe e o grupo Baianas Praieiras, que vai continuar e ainda contribuindo para formar novas gerações interessadas pelo folguedo, por meio do Baianas Mirins”, concluiu.

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