Texto e fotos: Anne Rose

Com a chegada do mês de setembro, a campanha nacional de prevenção ao suicídio, o Setembro Amarelo, ganha destaque em todo o país. Em Coruripe, a mobilização é acompanhada por ações permanentes da rede municipal de saúde, que conta com profissionais especializados e estrutura preparada para acolher quem enfrenta sofrimento emocional ou transtornos mentais.

A psiquiatra Danúbia Elias, que atende no Centro de Especialidades do município, destaca que o ponto de partida para a prevenção é permitir-se pedir ajuda.

“É fundamental entender que saúde mental é parte da saúde como um todo. Muitas pessoas enfrentam quadros de ansiedade, depressão ou outros transtornos e acreditam que precisam lidar com isso sozinhas. Nosso trabalho é justamente acolher, escutar e oferecer o tratamento adequado, sem julgamentos. A prevenção começa quando a pessoa se permite pedir ajuda”, afirma a médica.

Ela reforça ainda a necessidade de todos se unirem em prol dessa causa.

“Infelizmente, o número de pessoas que tentam tirar a própria vida tem crescido de forma alarmante, o que é profundamente triste e preocupante. Esse cenário reforça a urgência de ações conjuntas e integradas entre os profissionais de saúde mental, instituições públicas, educadores, famílias e toda a sociedade. É essencial promover um ambiente de escuta, empatia e apoio. Precisamos desconstruir o estigma que ainda envolve os transtornos mentais e reforçar a mensagem de que pedir ajuda é um ato de coragem, não de fraqueza. Ninguém deve enfrentar o sofrimento psíquico sozinho. É nosso dever mostrar que essas pessoas não estão sozinhas, estamos aqui para acolher, orientar e caminhar junto com elas no processo de recuperação e cuidado com a vida”, ressaltou a psiquiatra.

Maria Antonieta, de 50 anos, vive com depressão e outros transtornos psíquicos. Há 15 anos, ela é acompanhada pela rede municipal de saúde e recebe acompanhamento contínuo de profissionais especializados.

Com coragem, Antonieta compartilhou que já enfrentou momentos muito difíceis, incluindo tentativas de tirar a própria vida, a mais recente delas ocorreu há menos de um mês. Emocionada, ela destacou a importância do cuidado que recebe.

“Se não fossem os profissionais que me acompanham, eu não estaria mais aqui. O apoio que recebo é o que me mantém de pé. Preciso ser forte, porque cuido da minha mãe, que é idosa, mas enfrentar esses problemas não é nada fácil, isso mexe com a vida da gente como um todo. Ainda assim, sigo dizendo sim para a minha vida, buscando ajuda e me cuidando como posso”, afirmou.

Além da rede municipal, Antonieta também utiliza o Disque Vida, serviço gratuito do Centro de Valorização da Vida (CVV), pelo número 188, disponível 24 horas por dia. O canal oferece escuta ativa, apoio emocional e sigilo absoluto, sendo um recurso essencial para quem está passando por momentos de sofrimento emocional.

O secretário de Saúde de Coruripe, Maykon Beltrão, reforçou a importância de buscar ajuda e destacou que a rede municipal está preparada para acolher quem enfrenta sofrimento emocional.

“Ninguém precisa enfrentar a dor emocional sozinha. A saúde mental é uma prioridade e todas as unidades do nosso município estão prontas para acolher, escutar e orientar com empatia e responsabilidade. Estamos comprometidos em oferecer um cuidado integral garantido que cada pessoa receba o suporte necessário para superar os desafios que está enfrentando”, completou o secretário.

A rede de atenção à saúde mental em Coruripe é composta por profissionais que atuam no Centro de Diagnóstico e Terapias (CDT) e no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). As equipes são formadas por psiquiatras, psicólogos, terapeuta ocupacional, nutricionista, educadores físicos, entre outros especialistas. O acesso a esses serviços começa pelas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), onde o paciente passa por avaliação médica e, se necessário, é encaminhado para acompanhamento nos centros de referência.